domingo, 28 de agosto de 2011

As Cores das Flores

AMIGO IMAGINÁRIO


Quando uma criança “cria” um amigo imaginário – brinca, fala e até mora com ele, como se fosse real? Esse fenômeno, que surge principalmente entre 3 e 7 anos, não é tão raro. Quando pais e educadores percebem a existência desses companheiros invisíveis quase sempre ficam preocupados.
Mas os pais podem respirar aliviados, pois todos os estudos sobre esse fenômeno chegam ao mesmo resultado: não há motivo para preocupações! Os amiguinhos imaginários têm sido estudados de forma intensiva há muito tempo, nos últimos 100 anos, mas poucos psicólogos se dedicaram a esse tema. E há um ponto em comum: todos concordam que os amigos imaginários estimulam o desenvolvimento das crianças, podem suprir eventuais lacunas afetivas e ajudam na elaboração de questões psíquicas.

O amigo imaginário é um personagem criado por crianças de dois a cinco anos de idade. O objetivo da criação de tal amigo é auxiliar o desenvolvimento, a compreensão de fatos e a elaboração de sentimentos que ocorrem em diferentes situações, funcionando como refúgio ou ainda como válvula de escape. De acordo com a necessidade da criança, o amigo imaginário ganha diferentes características.
Os acompanhantes invisíveis são freqüentemente crianças da mesma idade de seus criadores – como, por exemplo, Sebastian Nigge, o amigo imaginário de Madita, personagem do livro de mesmo nome, de Astrid Lindgren. Podem ser também animais, magos ou super-heróis. Alguns cabem no bolso e podem ser levados para todo lugar – como o canguru invisível Pantouffle no filme de Hollywood, Chocolate, de 2000, dirigido por Lasse Hallström.
A fantasia e a criatividade se modificam no decorrer do desenvolvimento. Crianças em idade pré-escolar frequentemente mostram aptidão para o chamado jogo ilusório ou ficcional, no qual partindo de poucos traços um objeto ou um personagem são construídos. Assim, uma fileira de cadeiras se transforma, por exemplo, em um “trem” num piscar de olhos. Na idade escolar a criatividade aumenta e, na adolescência, alguns jovens começam a escrever diários, uma forma muito particular de vivenciar a própria criatividade e imaginação. Para atingir esse estágio é necessário primeiramente uma compreensão madura da intimidade: crianças ainda não diferenciam entre informações “privadas” e “públicas”.
O amigo imaginário ajuda a criança a lidar com: mudanças de hábitos, ansiedade, estresse, medo, perdas, angústia, além de outras situações que fragilizam o psicológico da mesma. Diante de tais situações, a criança busca um amigo para lhe amparar, sendo que, esse pode ser invisível, totalmente criado ou personificado por algum brinquedo ou objeto utilizado para dar vida ao amigo.
Nestas situações de estresse, ou de grandes mudanças, ou perdas importantes, como um divórcio, ida para casa ou escola novas, a perda de um ente querido, ou o nascimento de um irmão, a criança, por não encontrar suporte para enfrentar sozinha o problema, arranja um "amigo invisível", ou "imaginário". Também há de se realçar que são as crianças mais sensíveis e inteligentes que desenvolvem este tipo de recurso.
Em seus extensos estudos sobre o desenvolvimento da inteligência infantil, o psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) também deparou com os amigos imaginários. Ele os interpretou como uma forma especial do jogo simbólico. Segundo o estudioso, em situações lúdicas uma realidade estranha seria construída: as crianças fingem e desempenham papéis.
Estudos sobre comportamentos lúdicos comprovam que principalmente crianças maduras e psicologicamente estáveis têm amigos imaginários. Assim, o sociólogo britânico David Finkelhor, da Universidade de New Hampshire em Durham, nos Estados Unidos, foi um dos pesquisadores que demonstraram que quanto pior for o estado físico e psíquico das crianças, menos serão capazes de brincar. O abuso ou a negligência fazem com que a imaginação se atrofie e inibem a propensão ao jogo – em geral, essas crianças não criam acompanhantes imaginários.
Não raro, pais, professores e terapeutas incomodam-se não apenas com o fato de as amizades imaginárias serem mantidas por um longo tempo, às vezes por anos, mas também com a nitidez com que as crianças parecem ver seus amiguinhos. Mas os pequenos sabem muito bem que seus parceiros não são reais e que só existem em sua imaginação. Ou seja: essas criações psíquicas podem ser claramente diferenciadas de fantasias patológicas, que ocorrem, por exemplo, nas psicoses. A criança nunca se sente indefensavelmente dominada pelo amigo que criou – pelo contrário, pode modelar modificar e manipular sua invenção como quiser. E também determinar a duração desse “relacionamento”.
O comportamento dos pais diante da atitude da criança em criar e se relacionar com um amigo imaginário deve se basear na compreensão e no respeito, já que tal atitude por parte da criança é normal. Esse fato, apesar de respeitado, não deve ser estimulado, evitando que o imaginário ganhe força no ponto de vista da criança. Não se pode ridicularizar a criança e nem questioná-la acerca da existência de tal amigo, para que ela não se sinta ofendida.
O estado de alerta dos pais deve se manifestar quando o amigo imaginário passa a influenciar a vida da criança, participa de todas as atividades dela e ainda passa a prejudicar o relacionamento da criança com outras da mesma idade e com os pais. Ainda deve ser estudado se na adolescência o amigo imaginário ainda existir, pois aos seis anos, aproximadamente, o amigo imaginário é substituído por um amigo real, além disso, o adolescente já manifesta suas vontades e necessidades. Os pais devem saber que:
·                     ter "amigos imaginários" é algo perfeitamente comum entre crianças de 3 aos 6 anos de idade.
·                     quando a criança pratica o solilóquio(oração) e ficar mais exacerbada devem estar atentos e falar com a criança, acalmando-a.
·                     é bom temporariamente perguntarem às crianças se realmente acreditam que estes amigos existem.
·                     quando uma criança defende vigorosamente a sua existência, no fundo, saberá que é uma brincadeira.
Fontes:
Revista Mente & Cérebro - edição 205 - Fevereiro 2010

domingo, 21 de agosto de 2011

DESCOBERTAS CORPORAIS NA INFÂNCIA

         
           Nos primeiros meses de vida as crianças já começam com descobertas evidentes com suas mãos e pés, e a exploração de seu próprio corpo é constante.
            É importante sempre inovar no espaço onde a crianças costuma estar, pois desta forma a busca e a vivência por novas experiências se tornam constantes.
            As crianças descobrem a si mesmas, ao meio e ao outro a partir do contato físico e de suas ações. É importante encorajá-las a explorar e entenderem sua corporeidade em uma constante relação com o outro e com o meio.
            Desta forma inicia-se a construção de sua própria identidade e auto-imagem, por meio do conhecimento corporal.
O espelho é um ótimo aliado, pois a criança o utiliza para familiarizar-se com sua imagem, reconhecendo as sensações que o corpo produz. Descobrindo assim gradativamente seu corpo, seus movimentos, suas possibilidades e limites, suas diversas possibilidades.
            As crianças que conhecem a si mesma e ao seu corpo coordena adequadamente os seus movimentos, as atividades como um todo são facilitadas e melhora a relação com o mundo externo.
            Sendo assim procure não reprimir as ações de descobertas das crianças, pois são de suma importância para seu desenvolvimento integral.

Fotos: Renata Ritter.

PCN de Educação Infantil (1998),

As instituições devem assegurar e valorizar, em seu cotidiano, jogos motores e brincadeiras que contemplem a progressiva coordenação dos movimentos e o equilíbrio das crianças. Os jogos motores de regras trazem também a oportunidade de aprendizagens sociais, pois ao jogar as crianças aprendem a competir, a colaborar umas com as outras, a combinar e a respeitar regras. (p.131)